quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Maxakalis

       "Com população estimada em cerca de 1400 índios, as aldeias Maxakali ficam situadas no Nordeste de Minas Gerais, próximas à fronteira com a Bahia, ocupando cerca de 5 mil hectares. Presença forte nas aldeias, as mulheres são grandes tecelãs. Fiam e enlaçam sobre as pernas as fibras de embaúba. Com o material, elas desenvolveram uma refinada arte, criando malhas ao mesmo tempo que costroem as linhas. Modelam bolsas, redes de pesca e para carregar as crianças, além de fios para arcos, vestidos e colares.
      O termo “Maxakali” consta entre os nomes dos primeiros habitantes registrados nas costas brasileira, embora a sua origem permaneça desconhecida. Segundo informações dos próprios índios dessas aldeias, os seus antepassados vieram de várias regiões, trazendo diferentes repertórios de cantos e rituais.
      São muitos os problemas que atingem esse grupo. As condições ambientais mínimas para sua sobrevivência há muito não existem nas terras Maxakali: não há mata, caça, pesca ou água limpa, sendo o usop abusivo do álcool, muitas vezes caracterizado como suicídio étnico."

Informativo do museu do índio/FUNAI/ ano 22, número 35, março a junho de 2010. 

O consumo do álcool entre os Maxakali é uma questão extremamente preocupante. Leia o artigo abaixo do site Conflito ambiental:

"O consumo de álcool tornou-se grave ameaça à sobrevivência física, étnica e cultural dos Maxakali. Segundo o Ministério Público Federal, os problemas de alcoolismo vitimam quase todos os membros da comunidade, inclusive com registro de casos em crianças de apenas oito anos de idade. Em 2004, aconteceram quase dez homicídios, muitos dos quais causados por indivíduos alcoolizados. Em um contexto social tenso e potencialmente explosivo, o consumo de álcool desencadeia o uso da violência para a resolução das divergências. Segundo o Cimi, o vício em álcool tornou os Maxakali vítimas de “traficantes de álcool”, a quem pagariam de R$ 25 a R$ 50 por um litro de cachaça.
Em maio de 2004, uma briga entre dois Maxakali em um bar em Santa Helena de Minas resultou na morte de Alfredo Maxakali, de 63 anos, por facadas desferidas por Carlos Maxakali, de 19 anos. Dias depois, outros dois índios foram mortos a facadas. No total, naquele ano, seis índios morreram em conflitos entre grupos internos rivais e as divergências viriam a se agravar a partir de 2005.
Em fevereiro de 2005, o Ministério Público Federal propôs ações judiciais contra o Estado de Minas Gerais, contra o coordenador regional da Funasa e o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena por omissão no atendimento aos índios quanto à saúde e à fiscalização da venda de bebidas alcoólicas. As ações foram seguidas por denúncia do MPF à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA acusando o Estado Brasileiro de omissão causadora de violações de direitos humanos em relação aos Maxacali."


Qual sua opinião sobre a acusão contra o Estado brasileiro  de omissão causadora de villações de direitos humanos em relação aos Maxacali? De acordo com seu ponto de vista qual é a atual percepção sócio-cultural dos Maxakali em relação a intervenção do não indígena em vários aspectos de sua vida? Você concorda com esse tipo de intervenção?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aranã

Neste início de século XXI, a região de Coronel Murta e Araçuaí vive um momento muito importante de sua história: famílias identificadas pelo sobrenome Índio e famílias identificadas pelo apelido Cabocla reivindicam ao Governo Federal o reconhecimento de sua identidade enquanto povo indígena Aranã.
O assentamento (Fazenda Alagadiço), em 1994, de alguns representantes da tribo Pankararu no município de Coronel Murta, pela diocese de Araçuaí, foi um lampejo de esperança para famílias remanescentes da tribo Aranã que atualmente vivem nos municípios de Virgem da Lapa, Coronel Murta e Araçuaí. Grupo migrante oriundo do estado de Pernambuco, os Pankararu foram obrigados a sair de suas terras em função da construção de uma usina hidrelétrica.
Na fazenda Alagadiço, em Coronel Murta, vive grande parte das famílias Aranã. O convívio com o Pankararu, sua cultura e engajamento no movimento indígena, fez com que estas famílias despertassem para um processo de busca de sua origem étnica.

Representantes das tribos: Pataxó, Pankararu e Aranã
De acordo com a memória oral do grupo, que é constituído pela família de sobrenome Índio e pela família de apelido Cabocla, sua origem remete ao aldeamento de Itambacuri, local para onde foram levados vários índios Aranã, no século XIX.
“Com origem na história dos Botocudos, (...) os Aranã foram aldeados pelos missionários capuchinhos em 1873, no Aldeamento Central de Nossa Senhora da Conceição do Rio Doce, onde epidemias dizimaram a população. Alguns sobreviventes migraram para o Aldeamento de Itambucuri”. (Revista Povos Indígenas de Minas Gerais; 2000:16).
De acordo com o professor José Carlos Machado, "com a ferocidade do sangue botocudo nas veias, os Aranãs expulsaram as tribos mais mansas do Urupuca e Surubim e aí se estabeleceram. Mas não sobreviveram à luta com as tribos mais fortes na disputa por terras e alimentos. Além disso, o confronto com os colonos brancos e as doenças extinguiram completamente a tribo Aranãs."
Segundo a pedagoga e indigenista Geralda Chaves Soares, a Gêra, até o final do século XIX os Aranã eram guerreiros, donos da terra. Nessa época, o Vale do Mucuri começa a receber os emigrantes alemães que iniciaram a colonização na região de Teófilo Otoni. Os padres capuchinhos implantam uma nova catequese, criando o aldeamento indígena de Nossa Senhora dos Anjos de Itambacuri, que duraria até 1915. Geralda Soares conta que a história oficial registra o extermínio de mais de dois mil índios aldeados em Nossa Senhora dos Anjos. "Existem relatos de tráfico de crianças indígenas que eram levadas para serem criadas em fazendas."  Nestas condições, o povo Aranã perdeu sua terra, sua cultura, e foi se definhando, num exílio que parecia não ter fim. Dados históricos apontam para a extinção desse povo após um período de epidemias e dispersão de seus sobreviventes no Aldeamento de Itambacuri.
Nos áureos tempos do Coronel Murta, no início do século passado, um menino, "Mané Caboclo", sobrevivente dos Aranã em Itambacuri, foi levado, ainda quando criança, pela família Figueiredo para o Vale do Jequitinhonha e ali foi criado como escravo numa fazenda, juntamente com uma menina índia. Anos mais tarde, os dois se casaram e tiveram três filhos. Um deles, Pedro Inácio Índio de Souza, conhecido como "Pedro Índio" ou "Pedro Sangê", é o pai do atual povo Aranã através de um processo singular da identidade étnica do atual grupo: Pedro registra em cartório civil todos os filhos com o sobrenome “Índio”, transformando essa palavra substantiva no patronímico de sua família. Assim, ele e seus descendentes passam a se identificar e serem identificados como “Índio”.
A inserção do sobrenome Índio marca a necessidade de fazer presente na sua história a inscrição de uma origem étnica. Lembrados como homens de grande rebeldia, Manoel Caboclo e Pedro Sangê teriam enfrentado o sistema de escravidão através de atos, como este, de afirmação de uma identidade indígena e resistência à dominação.
Pedro Sangê, filho de Manuel Caboclo, transformou-se no patriarca do atual grupo Aranã, que habita Minas Gerais. Ele foi criado por fazendeiros em Virgem da Lapa (família Figueiredo), e neste município, provavelmente, foi registrado como Pedro Inácio Figueiredo, como assim consta na certidão de batismo de um seus filhos.
Descrito como homem de cabelos longos, que usava duas tranças, ele era muito respeitado por sua coragem e bravura, sendo que a sua imagem era imediatamente associada ao estereótipo indígena. Todavia, ao contrário da maioria dos indígenas, Pedro possuía o domínio da leitura e da escrita, o que surpreendia e aumentava o respeito por ele, que também era sacristão de Igreja, rezador, curandeiro, sapateiro e alfabetizador.
Considerado também como um índio desaldeado, Pedro Sangê, como era mais conhecido pelas festas que organizava, alfabetizou alguns de seus treze filhos.
Trabalhador em várias fazendas da região foi na Fazenda Campo, município de Coronel Murta, que Pedro Sangê permaneceu por mais tempo, constituindo a comunidade Aranã. Foi nesta região que a família Índio teve contato com a família “Cabocla”, originando o atual grupo étnico.
Ao contrário da família Índio, o nome “caboclo” não surge como sobrenome, mas como apelido, que remete a uma origem indígena, apesar do tom de desqualificação e “domesticação” que o mesmo implica.
Fixados historicamente na região de Coronel Murta, nas terras do Aldeamento dos Lorena dos Tokoyós, “Caboclos” e Índios, além de possuírem uma ancestralidade indígena, compartilharam o mesmo espaço territorial e o mesmo cotidiano de trabalho braçal nas fazendas. Nesse sentido, não é por acaso a união entre essas duas famílias.
Atualmente, a grande parte dos Aranã estão na Fazenda Alagadiço. Alguns vivem do artesanato e da atividade agropecuária, e uma das marcas registradas dos indígenas é uma bebida de cor avermelhada, denominada "Xamego" (mistura à base de uma planta denominada "quiabinho".)
Após anos de trabalho enquanto agregados, na década de 80, a Ruralminas (então órgão estadual de terras) emitiu documento de posse de terra para as famílias que para esta fazenda migraram em busca de sobrevivência. Contudo, uma família Aranã permanece na Fazenda Campo (Araçuaí-MG), onde a dificuldade de acesso, a relação de exploração do trabalho e o grave problema da falta de água (seca) marcam a realidade atual. Uma das filhas de Pedro Sangê, Rosa Índia, mora em Ponto dos Volantes.
A memória e o sentimento de pertencer a uma origem indígena se faz fortemente presente pelos descendentes de Manuel Caboclo. Para eles, o uso do sobrenome Índio foi a forma encontrada pela família de garantir o registro de uma identidade indígena, sendo também um ato de coragem e rebeldia conta a dominação a que eram submetidos.  Conscientes somente há pouco tempo, através do convívio com os Pankararu, de que os povo indígenas possuem direitos constitucionais, os Aranã se organizaram para conquistar o que lhes foi negado no passado: o direito de viver plenamente sua indianidade. Eles lutam para viver novamente em comunidade. A conquista do reconhecimento étnico oficial, que implica na demarcação de uma terra indígena é a principal luta desse povo, que solicita o apoio da sociedade mineira, profissionais e instituições para que a FUNAI dê início ao processo administrativo de reconhecimento oficial do grupo.
A organização não-governamental CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva) foi solicitada pelos Aranã para registrar a sua história. Com uma equipe de voluntários, a entidade está realizando um estudo histórico antropológico sobre a etnia, que deve constituir como um importante instrumento político nesse processo de reconhecimento étnico oficial. O caso Aranã não se configura como o único em Minas Gerais, muito menos no Brasil. Vários são os casos de povos considerados extintos, que no final do século XX, contrariando a concepção e o senso comum do que é ser índio (corpo nu, cabelo liso, língua específica, entre outros), reafirmam sua identidade étnica e reivindicam seus direitos.

Texto e imagem retirados do site: http://www.cantaminas.com.br/indiosarana.htm

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pankaru

Os Pankararu são originários do Estado de Pernambuco. Atualmente, um grupo familiar de 126 indígenas vive no município de Coronel Murta, Vale do Jequitinhonha, em uma área de 60 hectares, doada pela Diocese de Araçuaí. Os Pankararu, através dos conhecimentos ancestrais e sua religião, estão recriando em uma aldeia própria, as formas tradicionais de seu povo expressarem e viverem sua cultura. O grande desafio colocado para este povo é garantir a sobrevivência em uma das regiões mais pobres de Minas Gerais, tarefa que buscam enfrentar no dia-a-dia.



Informações retiradas do site www.cimi.org.br
Fotografia retirda do site: http://br.olhares.com/india_pankararu_foto1909730.html

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Xacriabás

Os Xakriabás constituem o mais numeroso grupo indígena remanescente em MinasGerais, com cerca de 6.5004 índios, cujas 34 aldeias localizam-se no município de São João das Missões, norte do Estado, contemplando 53,4 mil hectares de reserva indígena. A maior aldeia desse grupo, denominada Brejo do Mata Fome, possui escolas estaduais, postos de saúde e de apoio da Fundação Nacional do Índio(FUNAI) e é onde se desenvolve a principal atividade econômica desenvolvida pelo povo Xakriabá, a agricultura de subsistência, que é desempenhada pelos indígenas mesmo sofrendo com as graves conseqüências que lhes são impostas pelas condições climáticas desfavoráveis da região.
Cabe destacar, que nas eleições municipais, em 2005, membros da comunidade Xakriabá foram eleitos para os cargos de prefeito e vereadores na Câmara Municipal de São João das Missões, sendo que quatro dentre os cinco indígenas eleitos para o cargo de vereador ainda residem na reserva da comunidade,demonstrando a consciência e força política dos membros daquele grupo.
Em relação às terras pertencentes ao povo Xakriabá, segue ainda uma disputa com o Governo Federal, constitucionalmente responsável pelos povos indígenas, pela revisão dos limites territoriais de sua reserva, decorrente de algumas famílias que ainda encontram-se fora da área demarcada


Fonte: Marco de Referência Povos Indígenas em Minas Gerais - ESTADO DE MINAS GERAIS - SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO. Disponível em: http://www.egov.mg.gov.br/consulta/Marco%20Povos%20Indigenas.pdf

Clique no link abaixo e veja o  vídeo abaixo que mostra um pouquinho do dia a dia desses índios.


O que você achou do vídeo sobre o povo Xacriabá? Era dessa forma que você imaginava uma aldeia indígena? E a escola que as crianças xacriabás frequentam? Você achou parecida com a nossa escola? Quais foram as semelhanças e as diferenças observadas por você?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Opine...

Apesar de alguns levantamentos já terem sido feitos, não sabemos exatamente quantos povos indígenas viviam em território mineiro quando os portugueses chegaram ao Brasil. No entanto, alguns pesquisadores calculam que habitavam aproximadamente 100 povos em Minas Gerais e na atualidade tem-se o registro de apenas 8 povos restantes.

Baseando-se em seus conhecimentos e no capítulo do livro didático de vocês intitulado A colonização portuguesa no Brasil cite alguns motivos que contribuíram para a redução do número de indígenas no território brasileiro a partir do século XVI.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Diversidade línguística

        A diversidade cultural dos povos indígenas pode ser medida pelo número de línguas faladas por eles: são mais de 180.
       A maior parte das línguas indígenas tem duas origens (troncos) comuns: o tupi e o macrojê. Algumas línguas, porém, como a dos ticunas, não pertencem a nenhum dos dois troncos. Há povos ainda que perderam sua língua de origem e falam o português, como os pankarus. Por sua vez, a língua portuguesa, oficial o Brasil, incorporou inúmeras palavras de origem tupi. 
                                              Texto adaptado do livro Projeto Araribá, 2007, Ed. Moderna.

Você saberia me dar exemplos de palavras que utilizamos em nosso dia a dia que tem origem indígena?

domingo, 17 de outubro de 2010

Índios em Minas Gerais nos dias de hoje

Atualmente os povos indígenas que vivem em Minas Gerais são:
  • Xacriabá (São João das Missões);
  • Pankararu ( Coronel Murta);
  • Aranâ (Santa Helena de Minas);
  • Maxacali (Bertópolis);
  • Xucuru- Kariri (São Gotardo e Caldas);
  • kaxixó (Martinho Campos);
  • Pataxó (Carmésia);
  • Krenak (Resplendor).

A foto acima foi tirada por mim, na aldeia Pataxó no ano de 2008. A criança fotografada mora na aldeia que fica localizada em Carmésia/MG.